domingo, 22 de agosto de 2010

Depoimento Professora Ellen Valério – 1º Ano


Escola Eva dos Santos

Sempre achei difícil aceitar esse lado da teoria em que lendo para as crianças elas se tornariam leitores proficientes. Achava que cansaria meus alunos por ser apenas eu lendo todos dias. Pensava que se cada aluno pegasse o seu livro e fizesse a sua leitura silenciosa, despertava mais o seu interesse, portanto via a leitura em voz alta como algo sem motivação.
Após frequentar vários encontros de formação continuada Além das letras em minha escola onde quem atua como formadora é a minha coordenadora pedagógica, percebi então que, realmente, eu como professora não transmitia essa postura de leitora para meus alunos.
Comecei a compreender que os comportamentos de leitores devem ser ensinados e que devemos tratar a leitura em voz alta como conteúdo inserindo-a no planejamento. Ao fazer essa atividade com meus alunos, no início houve uma calmaria, pois a cada dia despertava mais o interesse dos alunos com os diversos tipos de textos, conhecendo autores e enriquecendo o seu conhecimento sobre a literatura infantil.
Observei que tudo é uma questão de tempo.
Hoje a leitura em voz alta tem lugar garantido na minha rotina, traz disputa na escolha do livro, nas palavras contidas na história, na ilustração e, enfim mudou muito o comportamento dos alunos em relação à leitura.
Outro fato observado é que a cada palavra diferente que os alunos ouvem, eles perguntam o significado e acaba enriquecendo o vocabulário, tanto na linguagem oral quanto na produção escrita de textos.

A descoberta da leitura em voz alta

Depoimento - Professora Miriam Duarte – 2º ano
Escola Eva dos Santos



Era muito comum, eu, como educadora, realizar leitura em voz alta para os meus alunos apenas quando eles me pediam. Eu via nos olhos deles a empolgação de saber que iam ouvir histórias, mas ao terminar sempre vinham as perguntas como: quem é o personagem principal do texto? Onde viviam? Quantos personagens tinham o texto? Qual o nome dos personagens do texto? Qual a moral da historia?
Em 2008 foi proporcionado a nós, professoras de 1º e 2º ano, o curso de formação continuada “Além das Letras”, com o conteúdo de Leitura em voz alta pelo professor adquirimos muitos conhecimentos em relação à importância de realizar a leitura feita em voz alta, e através de muitos estudos e tematização da prática do conteúdo percebi o tamanho da responsabilidade do meu papel como educadora na formação de futuros leitores.
Pude perceber que, ao realizar a leitura diariamente, houve mudanças no comportamento dos meus alunos, eles passaram a apreciar com mais intensidade a leitura. Todos os dias querem ouvir histórias.
No decorrer dos dias, quando meus alunos pedem para ler, também presencio neles o mesmo comportamento que eu realizo, o nome do autor, do ilustrador, o porque da escolha do livro a postura ao realizar a leitura e até o tipo de entonação de voz, sem contar o interesse que eles têm em ler corretamente.
Os meus pequenos de 7 e 8 anos dependem de mim como modelo, para que possam subir os degraus do conhecimento, sem dificuldades e assim tornarem leitores e mudar a realidade da estatística alunos que não gostam de ler.

“Daqui a cem anos, não importará que roupas vesti, que carro andei, quanto eu tinha depositado no banco, mas o mundo pode ser um pouco melhor porque eu fiz a diferença na vida de uma criança.” (Clarice Lispector)

Encontrão com os professores e coordenadores de 1º e 2º ano.

Reflexão sobre as modalidades organizativas do tempo didático

No início do ano os professores de 1º e 2º ano das Escolas Municipais assumiram um grande desafio, se propuseram a reorganização do tempo didático, tendo como principal objetivo organizar seu tempo didático a partir das modalidades organizativas do tempo didático conforme explica Delia Lerner no livro Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário:
Projetos didáticos: Além de oferecer, como já assinalamos, contextos nos quais a leitura ganha sentido e aparece como uma atividade complexa cujos diversos aspectos se articulam ao se orientar para a realização de um propósito – permitem uma organização muito flexível do tempo: segundo o objetivo que se persiga, um projeto pode ocupar somente uns dias, ou se desenvolver ao longo de vários meses. Os projetos de longa duração proporcionam a oportunidade de compartilhar com os alunos o planejamento da tarefa e sua distribuição no tempo: uma vez fixada a data em que o produto final deve estar elaborado, é possível discutir um cronograma retroativo e definir as etapas que será necessário percorrer, as responsabilidades que cada grupo deverá assumir e as datas que deverão ser respeitadas para se alcançar o combinado no prazo previsto. Por outro lado, a sucessão de projetos diferentes – em cada ano letivo e, em geral, no curso da escolaridade – torna possível voltar a trabalhar sobre a leitura de diferentes pontos de vista, para cumprir diferentes propósitos e em relação a diferentes tipos de texto.






Sequência Didática: As sequências de atividades estão direcionadas para se ler com as crianças diferentes exemplares de um mesmo gênero ou subgênero (poemas, contos de aventura, contos fantásticos...), diferentes obras de um mesmo autor ou diferentes textos sobre um mesmo tema. Ao contrário dos projetos, que se orientam para a elaboração de um produto tangível, as sequências incluem situações de leitura cujo único propósito explícito – compartilhado com as crianças – é ler.



Atividades permanentes: Atividades que se reiteram de forma sistemática e previsível uma vez por semana ou por quinzena, durante vários meses ou ao longo de todo o ano escolar, oferecem a oportunidade de interagir intensamente com um gênero determinado em cada ano da escolaridade e são particularmente apropriadas para comunicar certos aspectos do comportamento leitor. (...) As atividades habituais (ou permanentes) também são adequadas para cumprir outro objetivo didático: o de favorecer a aproximação das crianças a textos que não abordariam por si mesmas por causa da sua extensão. Ler cada semana um capítulo de um romance é uma atividade que costuma ser frutífera nesse sentido. A leitura é compartilhada: a professora e os alunos lêem alternadamente em voz alta; escolhe-se um romance de aventuras ou de suspense que possa captar o interesse das crianças e se interrompe a leitura em pontos estratégicos, para criar expectativa.



Na expectativa de compartilhar as experiências desenvolvidas nas escolas através das modalidades organizativas do tempo didático é que propusemos aos coordenadores e professores que atuam nas turmas de 1º e 2º ano um encontrão de dois dias para que juntos pudessemos analisar os caminhos percorridos até aogra e se necessário for promover novos encaminhamentos para qualificação do tempo didático.
O primeiro dia foi para as apresentações e reflexões sobre as modalidades organizativas.
No segundo dia propusemos ao grupo análises sobre sequência didática, uma das modalidades que o grupo apresentava mais dificuldades de entender e elaborar. Ao final do encontro cada grupo de professores elaboraram suas sequências didáticas que em breve diponibilizaremos no blog.