quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Relatório da formadora Sandra sobre a tematização da prática com a coordenadora Lisandra

Função do diagnóstico é só avaliar?

Durante a tematização da prática com a coordenadora pedagógica da Escola Ademir Lima Cantanhede observamos que o diagnóstico para a professora é só para avaliação.

O vídeo apresenta uma situação didática em que a professora escolhe 4 (quatro) alunos para fazer o diagnóstico, logo de início diz que ela vai ditar algumas palavras para avaliar as crianças “vocês agora vão fazer uma avaliação” assim foi sua fala, um aspecto fundamental a ser tematizado, pois sua fala é retrata bem a sua prática. Ela dita as palavras para todas as crianças ao mesmo tempo, sem intervenções sequer em solicitação de leitura após a escrita de cada palavra, a leitura aparece após a escrita de todas as palavras, demonstrando a concepção de “tomar leitura” ato que foi evidenciado no vídeo, algo muito praticado nas escolas, os alunos são colocados como leitores mecânicos.

Para início de conversa com a coordenadora, alguns pontos relevantes na prática da professora foram pontuados:
1.A escolha do grupo semântico (animais).
2.Número palavras para realização do diagnóstico.
3.A organização das palavras do polissílabo para o monossílabo.

Pontos que necessitam de investimentos:
1.A função do diagnóstico
2.Concepção da leitura na realização do diagnóstico, que não deixa de estar ligado à situação supracitada.
3.A professora precisa compreender que as intervenções ajudam as crianças a repensarem sobre o que escreveu.

No momento da conversa a coordenadora fez comentário “a professora é extremamente tradicional, trabalha com famílias silábicas, fazer um diagnóstico já é um ganho, porém ainda tem a concepção que serve apenas para avaliar.” Assim, chamei atenção que este seria seu grande desafio tornar o diagnóstico uma ferramenta de apoio ao planejamento dessa professora. Para que serve o diagnóstico? Foi à questão que lancei à coordenadora. A coordenadora me disse que serve para planejar atividades diferenciadas de acordo com as hipóteses de cada aluno e pensar nos agrupamentos. Pontuei também que as cenas observadas mostram que a professora não compreende o papel das intervenções no diagnóstico porque não intervém durante a realização, nos levando compreender que durante a realização do diagnóstico não se deve intervir, algo que está atrelado na função do diagnóstico que é só avaliar.

Como ajudar a professora a enxergar a verdadeira função do diagnóstico? Outra questão lançada que trata-se da devolutiva a ela. Além de fazer a observação do vídeo, oferecer leituras de que textos que tratam desse assunto. A coordenadora também se propôs a mostrar na prática a realização mais próxima do ideal, outra sugestão é trazer para as formações relato de professores que compreende de forma diferente da professora Maria Angélica.

Encerramos supervisão definindo que o foco seria a função do diagnóstico nas perspectivas de mudar o olhar da professora quanto a essa ferramenta tão eficaz.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Supervisão da Prática

A última supervisão com os coordenadores pedagógicos teve como objetivos:

a.Tematizar a prática dos professores de nossa rede sobre a realização dos diagnósticos das hipóteses de escrita de modo a observar quais as intervenções realizam para fazer as crianças repensarem sobre suas escritas.
b.Planejar junto com o coordenador uma devolutiva com ações e orientações que poderão apoiar o professor filmado a aprimorar sua prática.

Conteúdo

a.Tematização da prática
b.Leitura e escrita pelo aluno

SOBRE A TEMATIZAÇÃO NAS ESCOLAS MUNICIAPIS DE ARIQUEMES

A tematização da prática tem sido um forte investimento por parte dos formadores no município de Ariquemes, uma meta a ser alcançada, ainda, é que ela se torne uma prática permanente na ação do coordenador.

A tematização tem se tornado para os coordenadores uma ferramenta fundamental no seu trabalho. Destacamos dois fatores importantes nesse processo. Primeiro a afinidade que ela traz de aproximar o professor de sua prática e dar um novo contexto a ela. Segundo a aproximação do coordenador a prática de seu professor, dando lhe outro contexto ao seu fazer pedagógico.

Houve avanços no uso da tematização da prática, se pararmos para comparar o ano de 2010 com 2011, uma das conquistas observadas, no que trata-se ao comprometimento dessa tarefa solicitada na formação e da aceitação por parte do grupo, a gravação dos vídeos em 100% das escolas, claro que entre uma e outra, sempre tem aquelas que enviam o material pós combinado, mas de qualquer forma não afetou o andamento das supervisões.

Por outro lado apesar deste uso alguns desafios:

1.Torná-la como uma ação permanente na rotina do coordenador;
2.A devolutiva ao professor ainda aponta como uma dificuldade;
3.O registro de como se configurou o momento da devolutiva não permite uma visualização melhor de como foi movimento;

São fatores para investir nas supervisões em 2012 ao tratar de tematização da prática com os coordenadores. Com desafio de colocar isso em discussão a ponto de tornar essa prática cotidiana e significativa para coordenador e professor.

AO ASSISTIR AOS VÍDEOS

Antes que de fato acontecessem as visitas com as coordenadoras nós formadores locais assistimos aos vídeos juntos e discutimos quais seriam o foco de discussão de cada prática observada, a decisão vinha com o que julgávamos ser prioritário.

OS FOCOS FORAM VARIADOS SENDO:

1. As intervenções dos professores que denunciam suas concepções;
1.1.Alguns apresentavam em seus encaminhamentos comportamentos que nos levaram a compreensão que para o professor hipótese se ensina. Como se explica essa conclusão que chegamos? Ao assistir alguns vídeos presenciamos alguns professores forçando a criança colocar em cada sílaba duas letras.
1.2. Em algumas intervenções um exagero de perguntas para as crianças levando-as a entender que o que escreviam estava errado. Essas se caracterizaram com as perguntas por várias vezes: Tá certo? Tem certeza? Não tem nada errado ai?

2. Análise das escritas das crianças, colocando uma hipótese a menos;
3. Função do diagnóstico é só avaliar?

4. Escrita das crianças que denunciavam uma concepção associacionista muito forte, levando a entender que para o aluno aprender a ler e a escrever deve associar fonema e grafema.

5. Realização de diagnóstico de palavras para aluno alfabético;


Ao analisar aos vídeos, percebemos que algumas concepções inspiram cuidados, no tratamento da devolutiva ao professor, ao enxergar algumas práticas logo percebemos que algumas questões precisariam ser repensadas sobre a prática dos professores, ao olhar as cenas constatamos que muitas práticas centravam a alfabetização apenas na memorização das correspondências entre os sons e letras, uma visão tradicional na alfabetização, visão esta que dependerá de muitos estudos em que possamos atuar como pesquisadores dessas práticas e das aprendizagens dos alunos.

RELATO DA FORMADORA CLAUDIENE SOBRE A SITUAÇÃO ANALISADA

Coordenadoras: Eliane e Nilza
Professora: Vera
Aluno: Raisa
2º ano



2.Análise das escritas das crianças, uma hipótese a menos. O que significa esse ato?

Uma hipótese a menos! Este foi o foco dessa tematização da prática com as coordenadoras da Escola Ireno Berticelli, ao analisar marcação as concepções que a sustenta é de um “conhecimento cristalizado” dessa professora, que na dúvida, insegurança, na incredibilidade ou por falta de conhecimento, sem que tenha uma justificativa coerente, opta por uma análise sempre anterior a hipótese que a criança se encontra, uma ideia muito recorrente na alfabetização por grande parte dos professores. Nada fácil tratar este assunto um tanto delicado.

Atenção neste momento foi voltada a análise de escritas das crianças, procedimento feito pela professora, que não favorece para que de fato as crianças participem de situações desafiadoras, se pensar que a organização das atividades que serão feitas a partir de sua constatação, comprometendo seu planejamento e as aprendizagens das crianças.

Após pontuarmos aspectos importantes a considerar no planejamento e intervenções da professora para essa atividade algumas perguntas foram direcionadas as coordenadoras: Quais características apresentam a escrita de Raisa e Jessica? Que hipótese é essa? Você concorda com a análise feita pela professora? Porque a marcação da professora é sempre uma hipótese a menos? Como tratar com a professora essa situação observada? Vale lembrar que as perguntas foram surgindo conforme o andamento da conversa.

Aprender atravessar o olhar para construir observáveis, não é nada fácil. Como toda prática é sustentada por uma teoria procurei refletir junto as coordenadorAs que as ideias carrega a professora a fazer a marcação “falsa”, se me permite a palavra. E o nome que demos a isso, foi de um conhecimento cristalizado sobre as escritas das crianças, trabalham com as hipóteses de escritas, mas não respeitam suas características. Outro fator agravante é que não está claro a esta professora a função do diagnóstico, a coleta de dados, parece ser a função para qual realiza a sondagem. Ainda precisa entender que a marcação correta de escritas das crianças, abre perspectivas para compreender o caminho de aprendizagem que o aluno está percorrendo.

Pontuamos que as marcações de hipótese a menos trazem dois fatores preocupantes quanto às aprendizagens das crianças:
• Agrupamentos improdutivos pelo fato que o professor precisa considerar o conhecimento que a criança possui sobre a escrita.
• As atividades não apresentam desafios para os alunos, o que talvez poderia cair naquela velha conversa “meus alunos estacionaram ou pararam.”

Essas foram algumas conclusões que caberá ao coordenador observar se essa prática aparece só na marcação das hipóteses de escritas ou no planejamento da professora. Como formadora acredito que passa longe a ideia de planejar a partir da constatação das escritas das crianças, em sua maior parte os professores organizam atividades comum a todos que para os alfabéticos poucos desafios têm para refletir sobre o sistema da escrita.

A prática analisada dava margem para outros focos como silabação das palavras ao ditar para o aluno, mas prioritário era tornar observável a importância de considerar a hipótese em que a criança se encontra como ponto de apoio ao um planejamento significativo e intervenções planejadas.

Depois de discutido com as coordenadoras a relação da concepção da professora com sua prática na análise do diagnóstico e da necessidade de ressiginificação dos seus saberes, busquei outra questão, no que se refere ao tratamento com o professor. Como comunicar essas observações sem deixá-lo constrangido. Questão norteadora: Qual encaminhamento junto ao professor para ressignificar seus saberes?

A retomada aos conceitos das hipóteses de escritas, bem como quais suas características é o caminho para redirecionar o olhar dessa professora, foi o que apontaram as coordenadoras. No momento em que estávamos discutindo sobre isso, Eliane, coordenadora pedagógica de 1º e 2º ano, expressou uma preocupação que com certeza pertence a muitos quando vão fazer alguma devolutiva ao professor: “ Como encaminhar este momento com a professora sem cair na avaliação e avançar no sentido da compreensão que trata-se de aprender com a prática? A situação a qual vivenciamos seria o modelo para não cair no contexto avaliativo, essa foi a resposta que dei a ela, ainda ressaltei que por meio da reflexão da prática que podemos mudar o contexto de avaliativo para formativo. O foco , talvez, para tornar essa ação reflexiva seria pensar em como a criança aprende e não como a professora ensina.

De que forma seria a retomada desses conceitos para tornar evidente à professora que essa prática não favorece aprendizagens significativas as crianças? Perguntei a elas, que prontamente responderam “Além dos conceitos das hipóteses de escritas, trazer para o momento algumas escritas semelhantes a de Raisa e Jessica com marcações corretas, e com uma boa conversa convencê-la quais os prejuízos ao tratar uma hipótese a menos nos conhecimentos dos alunos.” Assim foram suas sugestões ao final dessa supervisão, qual foi acatada por mim. Apesar de saber dá existência de outras possibilidades de devolutiva a essa professora, mas é preciso considerar o processo de aprendizagem dessas coordenadoras.