terça-feira, 27 de março de 2012

As intervenções dos professores que denunciam suas concepções

Relatório do Formador Vicente em uma das visitas de supervisão




A prática tematizada tratava-se de uma situação em que a professora demonstra alguns conhecimentos sobre o que é preciso garantir em um diagnóstico. Junto com a coordenadora pedagógica foi pontuado alguns aspectos relevantes como: Pontos positivos na tematização foram pontuados: a escolha de um grupo semântico, a leitura após a escrita de cada palavra, a intervenção da professora para levar a criança a repensar sobre a sua própria escrita, as palavras ditadas da polissílaba para a monossílaba. Mas o foco em discussão foi à contradição entre a concepção que a criança demonstrou sobre a escrita e a prática da professora.

Percebe-se da seguinte forma a aluna tem um pensamento formado sobre a escrita, porém se confunde quando vai realizar a leitura, “acreditando”, que todas as sílabas são formadas com duas letras. A aluna já está fonetizando as sílabas dentro das palavras, porém o conceito formado por ela entra em contradição com a prática da professora. Quando a professora pediu à criança que escrevesse a palavra MOCHILA, que faz parte de um grupo semântico material escolar, a criança escreveu MILA. O pensamento da criança e o seguinte: a letra M representa a sílaba “MO”, a letra “I” representa a sílaba CHI da palavra mochila e a última sílaba “LA”, ela registrou alfabeticamente. Até nesse ponto entende-se que a aluna Ana Vitória tem um conceito formado sobre a leitura e escrita. O problema está quando a professora solicita a realização da leitura para a criança. Nesse momento a criança é obrigada a sair da sua própria concepção para enfrentar um problema que supomos ser de ordem prática da professora. Acreditamos que essa professora na sua prática tem a concepção que se deve ensinar as hipóteses para as crianças por forçar de mais a criança a escrever duas letras para cada sílaba, e com isso fez a criança entender que as sílabas são formadas por duas letras, que não é verdade, e assim Ana Vitória mesmo tendo uma concepção de escrita própria, sente pressionada a marcar duas letras para cada sílaba quando vai realizar as leituras para satisfazer o que a professora espera, tal procedimento causa um transtorno de ordem negativa na concepção formada pela criança, acreditamos que essa problemática está surgindo em decorrência da prática da professora. Em resumo percebe-se essa problemática não só na escrita da palavra MOCHILA, mas nas demais palavras que foram ditadas pela professora. Assim foi nossa conversa. Que iniciou com a questão: o que sabe Ana Vitória sobre a escrita? O que leva Ana Vitória a mudar a escrita após a leitura das palavras MOCHILA?

Após uma conversa com a coordenadora concluímos ser necessário um aprofundamento no conhecimento e competência para fazer boas intervenções junto aos alunos, em especial, oferecer condições para o aluno colocar em jogo tudo que sabem sobre a escrita.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Reflexões sobre a formação ADL 2011

2011 foi o ano que não faltou histórias!
Discutir o conteúdo Leitura e Escrita pelo aluno nas formações parecia ser fácil, mas quando se trata da prática, de mudar algumas realidades aparecem alguns obstáculos, o que nos leva a concluir que as ações formativas das coordenadoras são muitas e pedem um trabalho de monitoramento e utilização de boas estratégias formativas junto ao suporte teórico, pois para acontecer à mudança na prática primeiramente deve acontecer a mudança de concepções de nossos professores.
Quem diria que leitura e escrita pelo aluno tinham tanta força!
No início, logo muitos problemas para resolver:
1.Diagnóstico que cumpria só papel de avaliar.
2.Parte do grupo não dava importância ao trabalho com grupo semântico.
3.Análise das escritas das crianças em uma hipótese a menos.
4.Escrita de palavras como mero instrumento para verificar o certo ou errado.
5.Uma avalanche de palavras para as crianças escreverem no momento do diagnóstico...

Atrás desses atos há sempre uma concepção que os orientam.
Questão é como ajudar os professores a compreender o sentido da leitura e escrita pelo aluno e como fazer a transposição didática.
Cenário inicial nesta formação.
Cenário que à luz das considerações da psicogênese da língua escrita já não é mais o mesmo.
Fizemos histórias, partilhamos conhecimentos, transformamos a nós mesmos. Nesse movimento despertamos algumas aprendizagens, especialmente, que o ensino da língua escrita requer certos cuidados, principalmente, que o ensino não deve ser reduzido a uma excessiva preocupação com a memorização das letras e sílabas, pois este tratamento retira-se o prazer, a compreensão e a função social que a escrita representa. De um lado essas aprendizagens, por parte de alguns, de outro o saber FAZER. Muitos sabem que para ler e escrever é preciso que o aluno compreenda o que a escrita representa socialmente, mas se deparam ao um problema no saber FAZER.
Enfim, temos muito para realizarmos ainda, muitos saberes para construirmos, pois estamos fazendo o possível para mudar o necessário, mas o certo que temos aprendido muito e buscado melhorar o aprendizado de muita gente.
Que venham com força as aprendizagens em 2012!