sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Retrospectiva dos Encontros de Formação – 2010 - Produção de Texto

3 ANOS DE FORMAÇÃO

Se nos perguntar qual foi o melhor encontro de fato não saberemos responder. Indagações típicas de qualquer formador, não é? Mas o certo é que objetivo maior foi aprender, aprender, aprender...

Dos caminhos percorridos, propomo-nos a relembrar de alguns pontos que elencaram a construção de novas aprendizagens, os textos para os estudos nas formações e as estratégias formativas, consideramos que os dois itens foram dignos aplausos na constituição de novos saberes.

Começamos nossas discussões com o texto Verdades e Mentiras Sobre o Ato de Escrever, texto que fez “cair por terra” conceitos tão difundidos no dia-a-dia, principalmente em se tratando que escrever é um dom. De onde viera tal expressão? Só sabemos dizer que nossos estudos se contrapuseram a tais conceitos. Escrever é uma capacidade que precisa ser desenvolvida, que depende de como é ensinado ao sujeito.

Passamos a conhecer e aprofundar mais o conteúdo com o estudo do texto Escrever é preciso de Rosaura Soligo, que nos trouxe uma reflexão que para produção de texto deve-se considerar um destinatário real e sobretudo saber o que escreve? Para que escreve? Enfim, oferecer situações comunicativas para a criança produzir um texto. Já aqui as reflexões começaram a ser mais intensas, pois além de dois textos que deram a “pontapé inicial” contamos com a estratégia formativa, a leitura profissional na formação, essa pretendia que o grupo refletisse sobre o texto lido, levar o grupo ler para entender e compreender o texto, dessa forma não ficava em leituras superficiais e evitaria alguns discursos prontos.

Ah! Não podemos esquecer-nos da viagem para Itália, sem sair de nosso país. Se nos permita voltar um pouco atrás, lá no conteúdo leitura em voz alta, refletimos em alguns momentos que através da leitura “é possível conhecer Marco Pólo, viajar até o Ártico, conhecer os esquimós e os yanomanis. Visitar reis, rainhas e animais de todas as espécies, reais ou imaginários”. Assim conhecemos um pouco sobre a Itália através das informações e dados oferecidos ao grupo, para assim aproximá-los a uma escrita de uma narrativa de aventura de viagem à Itália. Enfim, para fortes reflexões, contamos com uma nova estratégia formativa, a qual, ainda não conhecíamos, dupla conceitualização, essa estratégia permitiu aos coordenadores a vivenciarem uma situação muito comum no discurso de alguns profissionais, pois para muitos a produção de texto deveria ser trabalhado de acordo com a realidade, algo que consideramos que pode partir dela mas não permanecer. A estratégia utilizada levou ao entendimento que as crianças são muito competentes para compreender as capacidades discursivas de cada gênero textual e se elas não produzem bons textos o reflexo está nas condições didáticas que lhes são oferecidas.

O texto Um decálogo para ensinar a escrever de Auguste Pasquier e Joaquim Dolz, nos convidou a refletir sobre algumas alternativas em termos de ensino-aprendizagem da composição escrita, o próprio nome do texto diz são dez elementos essenciais para ensinar a escrever, dentre eles, convém destacar, a aprendizagem em espiral “Ao invés de seguir uma linha reta que vai de um texto a outro, propomos uma progressão em curva, distanciando-nos gradualmente do ensinado para voltarmos a abordá-lo mais tarde, a partir de uma dimensão ou de uma perspectiva distinta” este texto se contrapõe a uma prática arraigada em nossas escolas, pois a preocupação de muitos professores é ensinar de forma linear em que primeiro ensina-se narração, depois descrição, em seguida dissertação... Enfim nesse sistema o aspecto discursivo é oferecido de maneira limitada para criança. Essa reflexão sobre a aprendizagem em espiral permite a criança adentrar nos mais diversos gêneros textuais e suas características discursivas.

Quando escrevemos percorremos vários caminhos, que muitas vezes não são nítidos. Não é mesmo? Mais são essenciais no processo da escrita como: planejar o que será escrito, redigir o que foi planejado, revisar o que foi escrito e reescrever o texto produzido e revisado, esses são comportamentos típicos de escritores. Atuação do professor como escriba, foi um desafio apresentado pelo grupo, neste encontro em que tratamos de comportamentos escritores. Para ajudar a pensar nos enfrentamentos aos desafios deparados pelo percurso nos apoiamos no texto Qual é o desafio? Retirado do livro Ler e escrever na escola o real, o possível e o necessário de Délia Lerner . Muito bom! Lembramos da síntese deste encontro a qual colocamos como desejo que os coordenadores levassem para suas escolas uma reflexão sobre os desafios apresentados por Délia. Acreditamos que eles semearam as sementes, pois é notável que a partir daqui floresceu o desejos de muitos professores abolirem práticas que remetem ao um sistema tradicional, para que as crianças possam apropriar-se de forma mais eficiente nas atividades que envolvem a leitura e a escrita, sendo modelo de escritor, atuando como escriba na sala de aula com momentos coletivos e em duplas. Como é bacana o processo formativo, os coordenadores listaram o que deveria conter no planejamento do professor para que a criança tenha a oportunidade de atuar como escritor. Depois desse encontro começamos, então, evidenciar alguns frutos desta formação foi observável a adequação dos conhecimentos teóricos as práticas, mudando um pouco o cenário nas turmas de alfabetização.

Análises de bons modelos também foi outra estratégia utilizada nos encontros. Para discussões sobre os projetos didáticos, propusemos aos coordenadores a reelaboração dos projetos didáticos elaborados em suas escolas de forma que contemplassem as orientações explicitadas pelo vídeo PROFA articulando os propósitos didáticos e comunicativos. Neste encontro fomos presenteados com a leitura do Ler e escrever por projetos de Mirta Castedo e Claudia Molinari, deixando explícito que o trabalho com os projetos “o docente propõe-se a criar as condições para que as crianças se aproximem e compreendam, criticamente, as práticas que na nossa cultura se desenvolvem com a escrita e que, ao fazê-lo, se torne possível para eles compreender melhor as restrições que caracterizam as situações e os discursos nelas comprometidos”.Depois de muitos aquecimentos sobre produção de texto, acreditamos que avançamos muito até aqui e já entendiamos um pouco mais sobre o conteúdo. Mas vale fazer uma pequena comparação de nossa história formativa com as narrativas.

Em todas as narrativas o enredo apresenta um momento de conflito na história, e a nossa não foi diferente. Vivemos um momento muito confuso com o conteúdo de reescrita, este, deu mais trabalho para as formadoras do que para os coordenadores. Acredita? Kátia embaraçou nossas mentes com os tipos de reescritas: Reescrita de texto que se saber de memória, reescrita de texto que não se sabe de memória e reescrita de texto. Com dedicação as leituras, reuniões online e as respostas dadas pela consultora Renata Frauendorf para as dúvidas que surgiram contribuíram para aprofundar mais os conhecimentos sobre essa proposta. E assim fazer o desfecho dessa história. Salve, salve!! O artigo Linhas e Entrelinhas de História de Denise Milan Tonello, que traz uma experiência bem significativa sobre reescrita de forma mais clara sobre assunto. Para as aprendizagens se concretizarem contamos com a estratégia formativa tematização da prática. Ao olhar a prática de um professor de nossa rede, nos consentiu a pensar mais sobre a proposta e os problemas comuns nas práticas de reescrita e também levantar algumas ações para o aprimoramento dela.

Concluímos com o conteúdo revisão textual as reflexões foram geradas a partir dos textos Quando Corrigir, Quando Não Corrigir de Telma Weisz e Aprender a revisar trecho do capítulo 2 do livro: letras y números (2000). Ainda se faz necessário aprender mais sobre revisão, mas é certa a compreensão sobre alguns critérios para revisão textual.

Durante esses anos de formação, podemos dizer que as aprendizagens foram muitas, embora em alguns momentos nos angustiamos por observar que as mudanças são lentas. Mas no meio do caminho foi percebido que é preciso digerir os conteúdos.

Se olharmos para trás teremos muitas histórias para contar, quantos autores consagraram essa história. Mas escolhemos essa onde os personagens são muitos. Há aqueles que estão próximos, bem pertinho de nós, que entendemos o que quer dizer só de olhar e outros que do outro lado da tela que em uma sintonia ajudam a tecer essa história que quase sempre é preciso retomar ao que foi escrito, completar o que não foi dito e reescrever na perspectiva de torná-la o mais completa possível e atraente ao leitor.

Este é o panorama das aprendizagens e dificuldades dos coordenadores e professores sobre as concepções deste conteúdo, e estamos certas que as aprendizagens necessitam ser retomadas, jamais deixá-las adormecerem.

2 comentários:

Camilla - Formadora Além dos Números disse...

Fiquei emocionada com o texto tão tocante, profundo e consistente.
Parabéns por esta trajetória tão intensa e verdadeira na busca pelo conhecimento.
beijos enormes,
Camilla

Renata Frauendorf disse...

Ola meninas queridas e guerreiras parabéns por essa caminhada tão intensa.É muito bom acompanhar todo esse processo e saber que faço parte dessa história linda e de muitas conquistas. O trabalho de formação do municipio foi se estruturando e ganhando mais força a cada ano e isso é mérito de todos os envolvidos, que aceitaram se abrir para novos conhecimentos, pensar sobre a prática e transformá-la.
Um beijo carinhoso,
Renata